[Resenha] Angústia

"Graciliano Ramos publicou Angústia em 1936, ano em que foi preso pelo governo de Getúlio Vargas sob a acusação de subversão comunista; Luís da Silva, o narrador-personagem do livro, era um escritor-funcionário que vivia sua profissão sob o signo do tédio burocrático. Durante a história, o narrador relata sua vida ordinária, dividida entre os desejos de sedução de sua vizinha, a presença muda da empregada e a opressão miúda dos superiores. A única marca singular do protagonista é o lento processo de enlouquecimento, que o leva a uma condição subumana. Em tudo, Angústia é um livro de detalhes" - Sinopse.



O livro está todo carcomido por motivos de: comprei usado.


LUÍS, UM CARA COMO TODO MUNDO

Pronto. Posso, finalmente, dizer que li Graciliano Ramos. Ele é um daqueles autores dos quais você com certeza já ouviu falar. 
Não comecei pelo famoso Vidas Secas, mas por esse livrinho que garimpei em um sebo da rua Almirante Teffé, em Niterói.

Eu não acredito em coincidências, então deve haver algo providencial em eu sempre ser atraída por histórias de cunho psicológico, embora de linguagem simples. Angústia é assim. 
O período é a década de 30 no Brasil, marcada por autoritarismo e cerceamento da livre expressão humana. Parece que essa proibição se estende à alma de Luís da Silva e sua inércia com a vida acontecendo ao redor dele.

A “pegada” desse livro é justamente entender que a angústia de Luís não tem causa definida, mas se ramifica em tantos pequenos aborrecimentos, tristezas sutis e amores não correspondidos (ou desprezados por ele mesmo) que se transforma na melhor amiga do protagonista, além de acompanhar – durante a leitura – quem assiste ao desenrolar dos acontecimentos.

Não sei se é um livro fácil. Nem mesmo saberia classificar o que seria um livro difícil, mas (pelo menos para mim) foi um pouco trabalhoso pegar o ritmo do conto. Não é, todavia, complicado se identificar com Luís e seus melodramas diários. Também há passagens cômicas que valem a pena!

Agora, sendo mais clínica: a história é escrita no modelo narrador-personagem e não é dividida em capítulos, só pequenas pausas. Eu prefiro capítulos, mas é um capricho pessoal. Graciliano é muito acessível, no que diz respeito à linguagem, e explora muito o cotidiano – Angústia  se ambienta majoritariamente em uma rua.

É um livro importante, porque traz à tona muitos medos humanos disfarçados que, juntos, formam pessoas duras e práticas demais para ser plenamente felizes. Foi, sem dúvida, corajoso escrever tal história em pleno governo Vargas. Entendo que o objetivo – se havia algum – era ver essa condição tão comum, por meio de Luís da Silva. Não foi meu livro favorito, não (e me sinto meio culpada por isso, por causa dessa maldita pressão cultural de todo mundo ter que amar os clássicos), mas me fez querer ler mais de Graciliano Ramos.


Foto profissional. HAHA.


9 comentários

  1. Esse sebo é um atras do Plaza Shopping? Acho que vi uns ali,mas nunca entrei para ver os livros.
    Acho que esse não é o tipo de livro que eu pegaria para ler. Apesar de ser muito conhecido. :)

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    1. Thais, o sebo fica na rua atrás do Plaza, sim. Tem, eu acho, uns três sebos. Eu gosto bastante do menor deles. Eu estava curiosa para ler algo do Graciliano, mas eu não achei tããão legal, como eu coloquei na resenha... Talvez eu tente outro livro, vamos ver :)

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  2. Na “Angústia” ficamos nós, leitores, com o clima pesado, quase difícil de respirar com este drama, esta amargura do personagem kkkk Li esse por obrigação, se não duvido muito que teria lido, mas não foi uma perda de tempo :)

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    1. Pois é... Eu li voluntariamente, mas não o faria de novo. Hahahah

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  3. Eu não gosto muito de ler livros clássicos. Eu nunca tive esse costume.
    Acho que conheço esse sebo, tem muitos ali próximo do Plaza.

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  4. Minha mãe sempre passava pelos sebos para comprar alguns livros. Sempre se acha bons livros nele.
    Eu não me lembro se já li alguma obra desse autor. Acho que não é o tipo de leitura para mim.

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  5. Não é o livro que eu goste, apesar de muitos falarem bem desse autor. Não sou fã de livros de cunho psicológico, mas se eu fosse ler algum dele, leria Vidas Secas, embora eu tenha gostado bastante da sua resenha
    Bjs

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  6. Minha última profe de portugues da vida (aiiii que saudades!!! <3 ), amava esse livro e sempre indicava! Faz 3 anos e até hoje ainda não o li, rsrsrsrs
    Ela dizia que tinha um triaangulo amoroso e tal, rs kkk por isso que nem pegay, eu quero ler ele sim, mas agora não to no momento.
    Mas após ler sua resenha, voltou aquela vontade e curiosidade, acho que vou procurar ele na minha próxima visita à biblioteca ;)
    bjoos
    Ana
    elvisgatao.blogspot.com

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  7. Já ouvi muito elogios para esse autor mas não é uma leitura para mim. Eu já tentei ler mas não é algo que me chame atenção, que me prenda.

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