[Resenha] Elogia da Madrasta


Lucrecia e don Rigoberto vivem em contínua felicidade. Ela, que acaba de completar 40 anos, nada perdeu de sua elegância e sensualidade; ele, no segundo casamento, descobriu finalmente os prazeres da vida conjugal. Juntos, creem que nada pode afetar esse idílio cheio de fantasias e sexo.
Alfonso, ou Fonchito, filho de don Rigoberto, parecia ser o único empecilho; amava demais sua mãe, Eloísa, para aceitar a chegada de uma madrasta. Mas até ele foi conquistado pelos encantos de dona Lucrecia.


O amor do menino por sua madrasta, entretanto, vai muito além do que se esperaria de uma criança, criando uma linha tênue entre a paixão e a inocência que mudará o destino de cada um deles. – Sinopse.

Elogio da Madrasta é um livro ganhador do prêmio Nobel de literatura, e não poderia deixar de ser uma leitura cheia de palavras difíceis e todo aquele refinamento que estamos tão acostumados a ver nos livros que nos obrigam a ler na aula de literatura. 

Mas a estória é bastante diferente do que o pessoal do MEC bota nos programas escolares. (ao menos no meu os livros eram tipo: “A Escrava Isaura” e “Frei Luiz de Souza”, o de vocês vai saber né, vai que tem um professor de Literatura meio doido por aí... kkkkkk).

Também diferente do que muita gente pensa ao ver um livro desse tipo, ele não é chato! (nem os outros anteriormente citados também, sério, eu li! O final de Frei Luiz de Souza me revoltou, mas são leituras válidas u.u. Só que não se encaixam no perfil do blog então vou parar de falar delas agora xD). Também não vou dizer que foi uma estória emocionante que me prendeu do começo ao fim. Até porque o livro tem 179 páginas e eu li em três dias. Lia metade de um capitulo, parava, passava algum tempo fazendo outra coisa e aí pegava o livro de novo =D. Mas não em todos os capítulos, só nos que ficavam detalhando o que don Rigoberto fazia no banheiro...
“Don Rigoberto entrecerrou os olhos e fez pressão, suavemente. Não era preciso mais nada: sentiu de imediato a comichão benfeitora no reto e a sensação de que, lá dentro, nos vãos do baixo-ventre, algo submisso se dispunha a partir e já transitava por aquela porta de saída que, para facilitar a passagem, se alargava. O ânus, por sua vez, tinha começado a se dilatar, antecipando, preparando-se para concluir a expulsão do expulso, para depois se fechar e comprimir, com suas mil ruguinhas, como se estivesse caçoando: “Deu o fora, sacana, e nunca mais vai voltar.”  Don Rigoberto sorriu, contente. “Cagar, defecar, excretar, sinônimos de gozar?”, pensou. Sim, por que não. Desde que seja feito devagar e concentrado, degustando a tarefa, sem a menor pressa, prolongando, provocando um estremecimento suave e sustentado nos músculos do intestino.”
Pois é...
Mas não, eu não li 179 páginas apenas disso. (graças aos céus)

Elogia da Madrasta conta a estória de dona Lucrecia, don Rigoberto e Fonchito, filho dele e enteado dela. Mais precisamente, conta a estória da intimidade deles, já que é uma estória erótica.
E também é uma estória de humor. (não que ele tenha me feito rir de verdade enquanto lia, mas pude perceber o humor contido no livro)

Quando dona Lucrecia aceitou se casar com don Rigoberto, suas amigas lhe avisaram que não havia possibilidade de dar certo uma relação com o filho de outra mulher metido no meio, e Lucrecia tinha medo de que realmente o menino a odiasse, mas para sua surpresa (e de don Rigoberto também) o menino acaba gostando dela. Problema superado? Só que não.

É justamente o menino (Fonchito) gostar dela que traz o problema da estória. Ele gosta dela até demais. Tipo, ele se apaixona por ela. E dona Lucrecia, não conseguindo resistir à carinha de anjo do filho adotivo por muito tempo, acaba desenvolvendo uma relação de amantes com ele. 
“Quando a boca do menino procurou a dela, não a negou. Entrecerrando os olhos, deixou-se beijar e devolveu o beijo. Instantes depois, encorajados, os lábios do menino insistiram e empurraram, e então ela abriu os seus e deixou uma nervosa cobrinha, desajeitada e assustada a princípio, depois audaz, visitasse sua boca e percorresse, pulando de um lado para o outro em suas gengivas e em seus dentes, e tampouco retirou a mão que, de repente, sentiu num dos seios.”
Só tive um pouco de dificuldade em formar uma imagem sólida do menino Fonchito, pois em algumas partes no começo do livro ele é comparado a um anjinho, um cupido etc., logo, eu imaginei uma criança pequena. (porque o cupido é retratado de fraldas até .-.).
Aí depois ele começa a ter relações com a madrasta e eu penso: “tá, ele deve ser um pouco mais velho, mas todo mundo se refere a ele como pequenino e criança.. talvez uns 13, 14 anos?”.
E mais para a frente é citado que ele vai ganhar uma moto. Então ele já tem ou já vai ter idade para dirigir. Mas lá onde o autor imaginou a estória, no tempo em que ela foi escrita, qual era a idade pra dirigir mesmo?

Então durante o livro formei uma imagem fixa de don Rigoberto, dona Lucrecia e até da empregada Justiniana, mas Alfonso ficou mudando o tempo todo. Só que isso não interfere no entendimento da estória. (que bom!)

O final do livro também é típico desse tipo de livros, deixa uma leve interrogação, não acaba para todos os personagens de fato. Mas devo admitir que me surpreendeu. 
Acaba o livro e a gente fica sem saber se Fonchito é um anjinho inocente ou um diabinho dos bons. (eu particularmente estou inclinada à segunda opção, mas o autor não dá a resposta claramente)
    
É uma leitura um tanto estranha, com partes "tensas" e algumas que nem ao menos dá pra entender direito (a parte que o autor tenta explicar porque a mulher é o quadro abstrato da sala eu não entendi muita coisa não u.u’), mas no geral é um bom livro, eu gostei. E se você gostar desse tipo de literatura (que não seja a adolescente romântica ou fantástica que tanto amamos ♥) leia o livro, é bom! E se não gosta muito, dê outra chance a ela, quando não tem a obrigação de ler pra fazer a prova fica mais legal! Kkkkkkk

Resumindo: eu recomendo, mesmo tendo dado só duas estrelas. O livro não é perfeito (pra mim né, o pessoal que julga as obras pro prêmio Nobel achou u.u), mas é bom. 
    
(menos se você for algum tipo de puritano, nesse caso eu acho melhor que passe bem longe!).

8 comentários

  1. Oiê!

    Adorei sua resenha! Tá ficando boa nisso hein? Hahaha

    Olha, comecei odiando - não gostei nem um pouco da imagem que visualizei de Rigoberto no banheiro! Mas a sua resenha, aos poucos, me deu curiosidade de ler... Quem sabe! :)

    Beijos, boas leituras!

    Nadja Moreno - Escrev'Arte

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    1. Oi!

      Obrigada! Eu fico com pena de ser muito crítica com os pobres livrinhos, mas estou tentando xD

      Hahahaha Eu sabia que ia causar essa impressão ruim mesmo, mas é que tem uma parte realmente grande do livro que fica falando sobre o que Don Rigoberto faz no banheiro o.o Só que é importante pra mostrar a personalidade dele...
      Um dia, se tiver um espaço na agenda né? Entendo! kk

      Beijos! =*

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  2. Oi!
    Ainda não conhecia o livro, mas apesar de ter gostado da resenha, o livro não chamou minha atenção.

    BjO
    http://the-sook.blogspot.com.br/

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    1. Oi ^^
      Obrigada por gostar da resenha, e entendo porque não chamou. Não é o tipo de livro que a gente lê muito mesmo =)

      Beijo!

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  3. Não conhecia esse livro, eu li o cortiço e acho que to pior que você kkkk Esse livro não me chamou muita atenção não.
    Deixei uma tag pra você la no meu blog, se responder me avisa por gentileza?
    Bjo
    http://valmedrado16.blogspot.com.br

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    1. Ah, eu ainda não li o cortiço! Talvez um outro dia quando estiver com tempo de novo x), esses nem são lá minha prioridade xD
      Vou lá ver, obrigada. Aviso sim (se eu lembrar, demoro tanto pra responder tag... hahahaha)

      Beijo =*

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  4. Tainah,

    Eu não conhecia o livro, infelizmente esse é um tipo de gênero pouco divulgado, e que chama realmente pouca a atenção da galerinha mais jovem, muito bom ver algo do tipo sendo resenhado!
    Parabéns pela resenha!
    Bjks
    Patty Santos - Blog Coração de Tinta
    http://www.coracaodetinta.blogspot.com.br/

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    1. Oi Patty ^^

      Realmente, é pouco divulgado, mas os jovens não tem assim tanta culpa de não gostar, é a forma como as escolas apresentam pra eles.. (como se eu não fosse jovem olha isso que falei haha).
      Obrigada!
      Beijos :*

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